quarta-feira, 26 de março de 2008

Como é formado nosso Modelo de Mundo? Uma explicação possível...

Antes de começar a ler, pense nessas duas perguntas:

Você já se comportou de alguma maneira, e depois pensou: “Pra quê que eu escolhi fazer isso?” ou ainda “Fiz de novo?” ou ainda “Fiz do mesmo jeito” ou ainda...

Pra que aquele meu amigo escolheu fazer isso se ele já sabia que ia ter essas conseqüências? Que bobo ele foi!

Alguma vez você já as fez desse modo ou de outro semelhante? É provável que sim!

Conforme vimos no artigo "Modelo de Mundo: lentes para a realidade", há uma considerável diferença entre o mundo e a nossa experiência do mesmo. Nós como seres humanos não operamos diretamente no mundo. Cada um de nós cria uma representação do mundo em que vivemos – isto é, criamos um mapa ou modelo que usamos para gerar nosso comportamento, e responder às pessoas com quem interagimos e situações pelas quais passamos. Nossa representação do mundo determina em grande escala o que será nossa experiência do mesmo, como o percebemos, que escolhas – às vezes limitadoras – teremos à disposição enquanto nele vivemos.

Desse modo, não há dois seres humanos que tenham exatamente as mesmas visões a respeito do "mundo". O modelo de mundo que criamos para guiar-nos nele baseia-se, em parte, em nossas experiências de vida. E COMO FORAM E TÊM SIDO SUAS EXPERIÊNCIAS?

Cada um de nós pode, então, criar um modelo diferente do mundo que partilhamos, e assim chegar a viver uma "realidade" um tanto diferente.

Mas como se forma o modelo de mundo?

Antes de mais nada, é interessante saber que as experiências que temos ao longo da vida são restringidas ou limitadas de algumas formas, restrições estas que modelam nossa experiência de algum modo, conferindo ao nosso modelo de mundo características ímpares, se comparadas com aquelas de outros modelos de outras pessoas, ou mesmo se comparadas com nosso próprio modelo num momento diferente, afinal de contas, modelos de mundo mudam...

Vamos às restrições, ou filtros - como passaremos a chamar aquilo que elimina parte das “informações” que nos chegam de todos os lados, e que faz com que nossa “representação do mundo” seja significativamente diferente do mundo propriamente dito.

Você sabia que... As ondas sonoras que estão abaixo de 20 ciclos por segundo e aquelas que estão acima de 20.000 ciclos por segundo não podem ser detectadas por nós humanos? Que há determinados comprimentos de onda (que caracterizam as cores) que nossos olhos não são capazes de ver? Por exemplo, um esquimó consegue distinguir 11 tons de branco na neve, será que nós aqui, sujeitos a outro contexto, conseguimos fazer o mesmo? Ah! E que nesse momento partículas muito pequenas atravessam seu corpo, assim como qualquer outro objeto, e você nem sente?

Estes exemplos são para explicar que nosso sistema nervoso, de início determinado geneticamente, constitui o primeiro grupo de filtros (FILTROS NEUROLÓGICOS) que distinguem o mundo de nossas representações do mesmo, pois nossos órgãos do sentido nos permitem perceber e sentir apenas uma "pequena" parte dos estímulos que nos chegam.

Vamos à outras perguntas: Você já tentou entender um filme em alemão ou qualquer outra língua que você não conheça? Já conversou com alguém através de linguagem de sinais? E que tal pensar nas regras que temos que seguir diariamente, nossos deveres? São os mesmos de um outro país, ou mesmo de um outro lugar aqui no nosso próprio país? O que é considerado certo aqui, o é em todo o mundo? O que é certo pra você é também para um amigo seu?

Tudo isso pra que você perceba o outro tipo de filtro a que estamos sujeitos: os FILTROS SOCIAIS (ou óculos impostos), que são todas as categorias ou filtros aos quais estamos sujeitos como membros de um sistema social, como por exemplo, nossa língua, nossos meios aceitos de percepção, e todas as convenções sociais. Esse segundo tipo de filtro começa a nos distinguir uns dos outros como seres humanos. Nossas experiências começam a diferir mais radicalmente, dando surgimento a representações do mundo mais DRASTICAMENTE DIFERENTES.

Neste momento é importante saber que ao contrário de nossas limitações genéticas neurológicas, as introduzidas pelos filtros sociais podem ser superadas.

Um terceiro modo pelo qual nossa experiência do mundo pode ser diferente do próprio mundo é através de um conjunto de filtros que chamamos RESTRIÇÕES INDIVIDUAIS, e que são todas aquelas representações que criamos como seres humanos, baseadas na nossa HISTÓRIA PESSOAL ÚNICA. Cada ser humano possui um conjunto de experiências que constituem sua própria história pessoal, e é tão próprio dele como o são suas impressões digitais.

Cada pessoa tem experiências incomuns de crescimento e vida, e jamais a história de duas vidas será idêntica. Mesmo havendo semelhanças entre você e um irmão ou quaisquer outras pessoas, que por exemplo, foram criados talvez nas mesmas condições, ao menos alguns aspectos serão diferentes e peculiares a cada pessoa. E por mais que possamos pensar: Ah, mas é só uma “diferençazinha” de nada! O que importa é que essa pequena diferença faz toda diferença.

Assim sendo, os modelos que criamos enquanto vivemos estão baseados em nossas experiências individuais, e, já que alguns aspectos de nossas experiências serão peculiares como pessoa humana, algumas partes de nosso modelo do mundo pertencerão apenas a cada um de nós.

Estes modos incomuns pelos quais cada um de nós representa o mundo constituirão um conjunto de interesses, hábitos, gostos, desgostos e regras para o comportamento que são claramente nossos. Do mesmo modo, nosso modelo de mundo, conterá nossas crenças – aquilo que pensamos ou mesmo explicações que damos – a respeito de tudo o que conhecemos, inclusive sobre nós mesmos, constituindo pois, uma fonte de limitações e riquezas, pois ele é a base de algo que fazemos a todo instante: ESCOLHAS.

Por que a questão da escolha é importante? Lembra-se da última situação com a qual você conseguiu lidar bem, mas que a princípio parecia difícil?

Você conseguiu lidar com ela porque de alguma forma seu modelo de mundo continha e contém experiências que te habilitam a resolver situações semelhantes à esta. Agora imagine uma situação em que você pode não ter se saído da maneira que esperava! Talvez em relação à essa situação, seu modelo de mundo estivesse “desatualizado”, o que impediu você, de momentaneamente lidar satisfatoriamente com tal situação, o que não te impede de aprender, enriquecendo mais um pouco seu modelo, reconstruindo-o de algum modo.

FINALIZANDO...

Lembra-se das perguntas feitas no início? Não sei se você já pensou nelas enquanto lia, ou se vai fazer isso de agora em diante... Entendeu porque às vezes nos comportamos de maneiras que depois julgamos “bobas” ou mesmo “incorretas”? Não se esqueça de lembrar sempre: fazemos sempre as melhores escolhas disponíveis no nosso modelo de mundo!

Assim sendo... com seu modelo de mundo atualizado com essas informações...
Você pode escolher pensar nas suas experiências, mesmo as mais corriqueiras buscando entender que as suas escolhas, bem como as escolhas das outras pessoas, também estão inseridas em um modelo de mundo diferente. Ou, pode escolher continuar pensando que “EU SOU ASSIM PORQUE NASCI ASSIM”, e que “OS OUTROS FAZEM ISSO OU AQUILO SEMPRE DE FORMA INTENCIONAL”, ou mesmo “É COMPLICADO DEMAIS PENSAR DESSA NOVA FORMA!”.

Como sempre, a escolha é TODA sua.

Nenhum comentário: